A Fumaça entra no novo ano com um assunto que, desde cedo, carece de escrutínio: o Plano Nacional de Barragens. Apresentado como indispensável para o cumprimento de metas ambientais e com o objectivo de aproveitar o potencial hídrico português, acarreta, também, custos para a carteira dos contribuintes e para o ambiente, numa realidade que parece distanciar-se da retórica política e numa afronta direta à ideia de energia verde.
Gorée, 13 de Abril de 2017. Marcelo Rebelo de Sousa visitava, no Senegal, este antigo entreposto de tráfico de escravos nas rotas atlânticas. Antes dele, o Papa João Paulo II e o ex-presidente brasileiro Lula da Silva tinham já pedido perdão pelo sofrimento causado. Em Portugal, algumas pessoas esperavam o mesmo do presidente português.
No dia em que Jair Bolsonaro toma posse, publicamos a nossa conversa com Guilherme Boulos, ex-candidato à presidência nas eleições gerais brasileiras de 2018 e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Conversámos sobre a perseguição política ao MTST - que o novo presidente ameaçou criminalizar -, das ocupações como arma política, do futuro do combate ao governo, da sua candidatura a presidente da república brasileira e da sua relação com o ex-presidente Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores, que gerou desconforto no seio do PSOL. Ouve aqui.
Nuno Lacasta é um dos homens mais poderosos da administração pública portuguesa e, aos poucos, o seu nome e as decisões da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a que preside desde 2012, têm cada vez mais contestação e escrutínio. Nesta entrevista, falamos da gestão dos recursos hídricos nacionais e dos instrumentos para lidar com a emergência climática, num país que vive maioritariamente no litoral. Da aprovação do novo aeroporto do Montijo aos desafios da participação pública, Lacasta defende a APA como um corpo técnico do Estado e garante não sofrer pressões do poder político.
“Exército de Precários” é o resultado de uma investigação de dois anos no interior da segurança privada em Portugal
O Estado detém o monopólio da violência legal. Mas, se assim é, como se explica a ligação umbilical entre a segurança privada e as forças públicas de autoridade? Este é o primeiro episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Do dia para a noite, centenas de seguranças perderam décadas de direitos laborais. Os patrões são claros: não é problema deles. Este é o segundo episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Em 12 anos, o Estado gastou mais de mil milhões de euros em segurança privada. É o maior cliente do setor. Estará conscientemente a promover precariedade? Este é o terceiro episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Se a alcunha “Dono Disto Tudo” não tivesse surgido nos corredores do Banco Espírito Santo, bem podia ter sido inventada no setor da segurança privada. Este é o quarto episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Um sindicato que joga pelas regras dos patrões é incompetente, corrupto ou apenas perdeu o seu objetivo? Este é o quinto episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Liderar um sindicato por 40 anos, sem contestação, exige que se saiba fazer uma de duas coisas: frente ao patronato ou à própria oposição interna. Este é o sexto episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Algures, talvez haja uma empresa de segurança privada em Portugal a cumprir a Lei. Em dois anos de investigação, não a encontrámos. Este é o sétimo episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Mal pagos, cansados, frustrados e violentos. Os seguranças são abusadores, vítimas ou a linha que separa estas duas realidades é mais ténue do que parece? Este é o oitavo e último episódio da série “Exército de Precários”, uma investigação de dois anos sobre a segurança privada em Portugal.
Geógrafo e engenheiro, Christovam Barcellos é um nome referencial quando o assunto é a relação entre as consequências da emergência climática e as doenças infeciosas. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das mais importantes instituições sanitárias do Brasil, Barcellos explica como o desmatamento das florestas tropicais, em regiões como a Amazônia e o Sudeste Asiático, e o degelo da permafrost, no Ártico e em zonas da Sibéria, podem levar ao surgimento de novas pandemias de vírus e bactérias sobre os quais temos pouca ou nenhuma informação.
A regulação da vigilância portuguesa cabe ao Departamento de Segurança Privada da Polícia de Segurança Pública. À cabeça deste serviço está, desde 2016, Pedro Neto Gouveia.
Entrevista à historiadora Maria Paula Meneses, coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Uma reflexão sobre o papel dos movimentos de libertação africanos em tempos de Guerra Fria e de como foram determinantes para que o 25 de Abril de 1974 tivesse derrubado a ditadura e o império portugueses. Dos “três D” proclamados pelo Movimento das Forças Armadas – Democratizar, Descolonizar, Desenvolver –, entende que Portugal nunca cumpriu o da Descolonização. Analisa também o apoio da Europa ao projeto colonial em África, cujo “último representante da supremacia branca era o regime sul-africano”. É por essa razão, defende, que a guerra foi tão longa e que “Portugal não podia sair de Angola e de Moçambique”.
Vítor Sanches cresceu na Cova da Moura e desde sempre aprendeu que o seu bairro era “um lugar de exceção para a polícia". As rusgas e a violência desproporcional eram normais. Por isso, não o surpreendeu quando, em 2015, seis residentes da Cova da Moura foram sequestrados e espancados na esquadra de Alfragide.
Enquanto Ori Givati crescia, tinha a certeza de uma coisa: quando fosse adulto, iria combater por Israel: “Cresci com a ideia de que a coisa mais importante que ia fazer na vida era tornar-me soldado do exército israelita”, disse-me. O caminho estava traçado. Defender o país através do exército seria honrar os seus antepassados e proteger familiares e quem a seguir viesse. Era isto que aprendia na escola, em casa, ou através dos média. Aos 19 anos, cumpriu o seu sonho e iniciou o serviço militar obrigatório mas, só tempo depois — e aos poucos —, começou a questionar a sua missão enquanto parte do IDF (Israeli Defense Forces). A cada checkpoint sem razão aparente, a cada invasão à casa de pessoas inocentes, a cada detenção arbitrária, uma pergunta ganhava dimensão na sua cabeça: “O que estamos a fazer é defender Israel?.”
Entrevista com Rafaela Granja, socióloga e investigadora do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, sobre as experiências femininas de reclusão, a sexualidade dentro dos muros de um estabelecimento prisional, e o impacto de uma pena de prisão em pessoas reclusas e nas suas famílias.
Entrevista sobre a origem das polícias à historiadora Maria João Vaz, professora do departamento de história do ISCTE-IUL, investigadora do CIES - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia e autora do livro “O Crime em Lisboa 1850-1910”.
Três anos após a promulgação da lei do direito à autodeterminação da identidade e expressão de género, ouvimos Zélia Figueiredo, psiquiatra, especialista em sexologia.
Francisco Castro Rego, ex-presidente do Observatório Técnico Independente (OTI) – criado pela Assembleia da República, depois dos incêndios de 2017 – extinto em julho de 2021, é crítico da política florestal e de combate a fogos em Portugal.
Entrevista a Dinamam Tuxá, ativista indígena, advogado, coordenador executivo da Associação dos Povos Indígenas do Brasil.
A violência doméstica é um fenómeno complexo, comum, mas acima de tudo, perigoso. Entrevistámos Sofia Neves, doutorada em psicologia social e presidente da Plano i, sobre violência doméstica, o desequilíbrio de poder nas relações, o impacto das crenças conservadoras nas relações sociais de género e as dificuldades de resposta das autoridades e instituições.