A roda de oleiro é um espelho que devolve o momento presente. Assim vai Ricardo Lopes encontrando o seu lugar no mundo, entre a biologia, a olaria, a música e as viagens. Contando histórias de cerâmica e cosmologia, Renato Costa e Silva e Kerstin Thomas celebram o encontro em torno da construção de um forno a lenha sem fumo. Entre o Algarve, os Açores e a serra da Lousã, neste primeiro episódio gira a roda de oleiro e nela o mundo todo gira.
Ninguém faz cerâmica sozinho, diz Virgínia Fróis, escultora e professora que em Montemor-o-Novo, lança sementes para que mais artistas possam ter espaço/tempo de trabalho em torno da cerâmica. Acompanhamos Virgínia na criação de tijolos com barro do local e Maja Escher, parte desta comunidade cerâmica de Montemor-o-Novo, que gosta de chuva e de ditados populares.
Nas Caldas da Rainha, a tradição cerâmica mantém-se aberta ao design e à experimentação, agregando várias gerações de criadores. Após a passagem pela ESAD.CR e paralelamente ao seu trabalho na indústria em Aveiro, Vítor Agostinho dedica-se a investigar sobre moldes mutantes. Uns andares acima no mesmo edifício dos silos, Eneida Tavares projeta, a partir das suas raízes imaginárias, ligações entre a cerâmica e a cestaria.
Em São Pedro do Corval, Joaquim Tavares, oleiro e poeta, prepara-se para fazer talhas para o vinho, enquanto partilha o seu conhecimento sobre plantas. Francisco Correia trabalha como forneiro na fábrica Molde e responde a encomendas no atelier que divide com mais ceramistas. Há muito que Francisco quer aprender sobre o processo de pesgar as talhas, um óptimo pretexto para regressar a São Pedro do Corval e reencontrar o seu mestre.
E quando se nasce em família de ceramistas e se cresce brincando com o barro? Em Galegos de S. Martinho (Barcelos), António Ramalho continua o precioso legado da bisavó Rosa e da mãe Júlia, acrescentando temas novos. Em casa de Carolina Garfo e Maria Carvalho, em Paradela, habitam muitas e variadas esculturas: as que cada uma delas cria e as figuras satíricas deixadas pelo pai José Teixeira. A arte da terra e a arte do humor.
Catarina Nunes interessa-se por organismos que vivem em ambientes extremos, "extremófilos" e cria estruturas cerâmicas para regenerar barreiras de corais. A Beatriz Horta Correia fascinam as qualidades plásticas e sensoriais da porcelana. Como pode a matéria cerâmica expressar a tensão entre vulnerabilidade e resistência?
Noémia Cruz revisita as Irmãs Flores com quem colaborou na sua recriação dos bonecos de Estremoz. Na casa-azenha de Noémia, em São Bento de Ana Loura, muitos são os vestígios das suas criações e do escultor Jorge Dias com quem partilhou a vida. Ana e Betânia trabalham ambas como terapeutas pela arte no contexto da saúde mental. No atelier onde partilham a criação, nas Caldas da Rainha, encontram na matéria cerâmica a sua forma terapêutica de expressão e provocação sobre o feminino, o sagrado e o profano.
Testemunho da herança árabe e presença marcante dos espaços e das superfícies arquitetónicas em Portugal, o azulejo é muito mais do que um mero quadrado cerâmico. A geometria do seu jogo ótico é infinita. Neste episódio, mergulhamos nas possibilidades da malha azulejar através do trabalho arquitetónico de Catarina e Rita Almada Negreiros e acompanhamos Maria Ana Vasco Costa numa criação sobre a cor e o vidrado.