Na Capela de Santa Luzia de Campos há uma inscrição que questiona o dia de início exato do reinado de D. Afonso Henriques. No Arquivo General de Simancas, em Espanha, há registo de entrega do cadáver de D. Sebastião em Ceuta. Entre narrativas que se espalharam ao longo dos séculos, não é fácil encontrar a verdade histórica concreta sobre D. Afonso Henriques e D. Sebastião. Mesmo que hoje em dia tenhamos grandes habilidades científicas à nossa disposição, ainda persiste uma grande resistência para resolver estes mistérios. Enquanto isso não acontece, o mito vai continuar a ofuscar a História.
É comum encontrar a palavra "lusitano" usada para chamar o povo Português. É tão natural como associar Viriato a Portugal. Mas a historiografia moderna revelou-nos que Viriato pode nem ter pisado solo Português. Isto compromete a associação entre o que era o território lusitano, e o que Portugal é hoje. Poderia a história de Viriato e os lusitanos servirem agendas nacionalistas?
No imaginário comum, Portugal não teve nada a ver com a Primeira Guerra Mundial. Mas enquanto as tropas Portuguesas lutavam em África e na Flandres, os Alemães afundaram um barco da marinha portuguesa nos arredores de Lisboa. Famílias Alemãs, algumas há muito posicionadas em Portugal, lutaram pela sobrevivência em campos de prisioneiros Portugueses. Um episódio desconhecido do papel de Portugal na Primeira Guerra Mundial.
A agonizante execução de Mattos Lobo em 1842 chocou a Sociedade Portuguesa. O Gabinete de Frenologia da Escola Médica de Lisboa, exigiu a autorização da justiça para decapitar os condenados, com o objetivo de estudar o crânio e determinar o grau da sua criminalidade. A ideia de regenerar os criminosos começou a ganhar força na época. Portugal não foi o primeiro país a abolir a pena de morte, mas foi um dos seus pioneiros.
Há provas de que Portugal teve um comércio ilegal de volfrâmio durante a Segunda Guerra Mundial. O metal que é crucial para construir os tanques alemães. No ano 2000, mais de mil documentos foram descobertos numa antiga estação ferroviária espanhola abandonada, mostrando que 75 toneladas de ouro nazi tinham passado pela fronteira a caminho de Portugal. O que nos leva a uma pergunta sensata: a quem recaiu a responsabilidade de confirmar a legitimidade do ouro nazi?
Uma das ideias mais difundidas sobre a Segunda Guerra Mundial é que Portugal salvou os Portugueses do conflito. Mais de 600 aviadores e 134 aviões militares desembarcaram ou caíram em território Português. Houve combates aéreos a cerca de duas milhas náuticas da costa Portuguesa, complexas redes de espionagem atuaram em Portugal e muitos cidadãos Portugueses foram premiados com a Ordem Águia Imperial Nazi. Talvez a neutralidade de Portugal só fosse possível porque era do interesse de ambos os lados do conflito.
A expansão marítima e comercial que criou o mito do Infante D. Henriques marcou o início do tráfico de escravos. Um cenário rodeado de erros. Há uma ideia que persiste que Portugal esteve envolvido com a escravatura, mas que poderia ser desculpável porque foram o primeiro país a aboli-la. Acontece que o decreto publicado em 1761 não acabou, na verdade, com a existência escrava. Uma sombra, entre muitos, na Grande História da Expansão de Portugal.
Nestes últimos anos, múltiplas descobertas arqueológicas feitas nos Açores levaram à conclusão de que tinha havido uma presença humana nas ilhas desde antes da chegada dos Portugueses. Se isto se verificar verdadeiro, estas descobertas podem contradizer a História conhecida, que regista 1431 como o ano em que os Açores foram descobertos. Poderá a teoria do historiador Damião Góis sobre uma presença viking antes da chegada Portuguesa aos Açores ser verdade?