Nem todas as histórias começam a ser contadas pelo princípio. Esta começa pelo meio, numa escura noite de tempestade. O ecrã da TV da sala de convívio liga-se sozinha e um lugubre ritmo do zapping começa a caminhar pelos canais, num compasso fúnebre. Cena após cena, canal após canal, parece criar-se um padrão. Alcides pega numa folha e desenha linhas geométricas e ao fim de uns rabiscos aparece a resposta quase finalizada da questão mais importante dos últimos anos. De sempre, a derradeira resposta. Só falta um pequeno pormenor. O zapping fantasma avança mais um canal e detêm-se no canal Vénus. "Eh lá, que ricos tetos." Com o fluxo sanguíneo no cérebro abruptamente cortado, Alcides atira os seus apontamentos ao lixo, baixa as calças e aquece freneticamente o pescoço. O Mal venceria mais uma vez e a verdade ficaria para outro dia.