Com um enredo repleto de ingredientes para um romance policial, o Caso Van-Lou ficou conhecido em todo o país. Van-Lou foi como a crônica policial abreviou os nomes do engenheiro Wanderley Gonçalves Quintão e da noiva dele, a estudante universitária Maria de Lourdes Leite de Oliveira, filha de um coronel do Rio de Janeiro. Eles foram acusados de matar dois homens no final de 1974, na Praia da Barra da Tijuca, no Rio.
No dia 30 de dezembro de 1976, a socialite mineira Ângela Diniz foi morta a tiros por seu marido, o empresário Raul “Doca” Fernandes do Amaral Street, no balneário de Búzios, no Rio de Janeiro.
Carlos Ramires da Costa, o Carlinhos, era um dos sete filhos da dona de casa Maria da Conceição Ramires da Costa e do industrial João Mello da Costa. A família de classe média levou uma vida normal até o dia 2 de agosto de 1973. Naquela noite, diante da mãe e de quatro de seus seis irmãos, Carlinhos foi sequestrado por um homem mascarado, que invadiu a casa onde a família morava, na Rua Alice, Zona Sul do Rio de Janeiro, e nunca mais apareceu.
Dana de Teffé saiu do Rio de Janeiro no dia 29 de junho de 1961 com destino a São Paulo e nunca mais foi vista. A milionária, nascida na Tchecoslováquia, estava na companhia do seu advogado Leopoldo Heitor, acusado na época pelo seu desaparecimento.
No século XIX, Manoel de Motta Coqueiro, Capitão da Guarda Nacional e dono de terras na região de Conceição de Macabu, no Rio de Janeiro, foi acusado de ter mandado dizimar a golpes de facão a família de Francisca Benedito, sua amante. O crime provocou a indignação da população local, que pressionou as autoridades a punir o acusado. Depois de definhar na cadeia, o fazendeiro foi condenado à forca, sem jamais ter confessado o crime e sem que houvessem sido apresentadas provas suficientes de sua culpa. A condenação de Motta Coqueiro é contestada até hoje pelos historiadores, para quem o verdadeiro mandante do assassinato pode ter sido qualquer um dos seus inúmeros desafetos e até mesmo sua esposa, Úrsula, que morreu de loucura meses depois da execução do marido.
A história do médico que trocou o bisturi por uma arma e se tornou um criminoso chocou a sociedade carioca. Hosmany Ramos nasceu Osmane, em 1945, na pequena cidade de Rubim, em Minas Gerais. Questionado sobre o que o fez abrir mão de uma carreira de sucesso para figurar nas páginas policiais, Hosmany não consegue explicar. Diz apenas que esse era seu destino.
Rio de Janeiro, 1959. Neyde Maria Maia Lopes tinha 22 anos quando conheceu Antônio numa estação de trem. Depois desse primeiro encontro, muitos outros aconteceriam. Mas Antônio guardava um segredo: era casado e pai de duas filhas. Neyde desconfiava de alguma coisa. Quando finalmente descobriu o que o amante tentava esconder, deu uma semana para que ele abandonasse a mulher, o que não aconteceu. Fingindo ser uma antiga colega de colégio, Neyde se aproximou de Nilza, a mulher do amante. Ao conhecer Taninha, 4 anos, primeira filha do casal, escolheu seu alvo. Em 30 de junho de 1960, Neyde levou Taninha para os fundos do matadouro da Penha e executou a menina com um tiro na cabeça. Antes de abandonar o local, ateou fogo no corpo da criança.
Zuzu Angel era um incômodo para vários setores do governo militar desde que seu filho Stuart, integrante de um dos muitos movimentos de estudantes que partiram para a luta armada contra a ditadura, havia sido torturado e morto na Base Aérea do Galeão, em 1971. Ela fez o que pode para denunciar a ação dos militares. Na noite de 14 de abril de 1976, voltando para casa ao volante do seu Karmann Ghia, Zuzu Angel sofreu um acidente na saída do túnel que leva a São Conrado, no Rio de Janeiro. Constantemente ameaçada de morte em telefonemas anônimos, a estilista deixara um bilhete responsabilizando os militares caso morresse repentinamente em um acidente.
Em 1937, durante o Estado Novo, em Araguari, Minas Gerais, os irmãos Sebastião e Joaquim Naves, que ganhavam a vida comprando e vendendo cereais, descobriram que seu sócio, Benedito Caetano, havia fugido com o dinheiro da venda de uma safra de arroz. Os irmãos denunciaram o roubo à polícia, mas o encarregado das investigações, o tenente Francisco Vieira dos Santos, os acusou de terem matado e roubado Benedito. Depois de serem torturados, Sebastião e Joaquim acabaram confessando o crime, foram condenados e presos. Sua inocência só viria a ser provada 15 anos mais tarde.
Nascida em Belo Horizonte, Aída Jacob Curi era a terceira dos cinco filhos do casal Gattas Assad Curi e Jamila Jacob Curi. Aos quatro anos, já orfã de pai, Aída se mudou com a mãe e os irmãos para Goiás e de lá para o Rio de Janeiro. No Rio, ela foi matriculada em um educandário, no bairro de São Cristovão, destinado a meninas orfãs. Ela só sairia de lá 12 anos depois, para viver por apenas sete meses. Inocente, casta e religiosa, ela se tornou um alvo fácil para os rapazes da chamada "juventude transviada", que começava a despontar em Copacabana. Em 14 de julho de 1958, ao resistir ao estupro de rapazes moradores do bairro, foi jogada do 12º andar de um prédio na Avenida Atlântica.
Em 3 de agosto de 1966, a bailarinha austríaca Margarethe Suida era achada estrangulada, com um cinto de couro preto, na banheira de um apartamento da Rua Aurora, região central de São Paulo. O corpo estava totalmente mutilado. O apartamento pertencia ao vendedor de livros e consórcio Francisco Costa Rocha. Preso dois dias depois em Copacabana, foi levado a São Paulo e confessou o crime. Foi condenado, em 1968, a 17 anos anos de prisão. Francisco foi colocado em liberdade após cumprir 8 anos de condenação, com o aval de psiquiatras e peritos forenses os quais atestaram que ele estava recuperado e apto para voltar a viver em sociedade. Dois anos depois de ser libertado, Francisco voltaria atacar.
No dia 17 de agosto de 1966, os técnicos em eletrônica Miguel José Viana, 34 anos, e Manuel Pereira da Cruz, 32 anos, desembarcaram na Rodoviária de Niterói (RJ) no início da tarde. Moradores de Campos, no mesmo estado, os dois - especialistas em instalação de transmissores e repetidores de sinal de televisão - haviam dito à familiares que estavam viajando para São Paulo a fim de comprar um carro e equipamentos eletrônicos. Miguel e Manoel foram encontrados mortos no alto do Morro do Vintém um dia depois. Sem marcas de tiros ou facadas, os dois traziam nas mãos estranhas máscaras de chumbo e o seguinte bilhete cifrado: "16:30hs está no local determinado 18:30hs ingerir cápsula, após efeito proteger metais aguardar sinal máscara". Foi o início de um mistério que persiste até hoje.
Faltavam 15 minutos para a chegada de 1989 quando o solavanco da embarcação Bateau Monche despejou mais de 150 passageiros nas águas frias da saída da Baía de Guanabara. Festa interrompida, vidas interrompidas: o naufrágio do barco Bateau Mouche IV marcou de forma trágica a virada daquele ano.
Brasil, outubro de 1975. Não havia mais nenhum perigo real para o regime militar: a luta armada já tinha sido aniquilada. Para se manter ativa, a máquina repressiva precisava ter inimigos potenciais. Diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog foi preso. Em um embate desigual entre homem e torturadores, Herzog morreu. Para encobrir o crime, o II Exército montou uma farsa e divulgou que Herzog tinha se suicidado nas dependências do DOI-Codi.
Na manhã de 07 de abril de 1952, o corpo do bancário Afrânio Arsênio de Lemos, 31 anos, desquitado, morador do bairro do Engenho Novo, no subúrbio carioca, foi encontrado dentro de um Citroën negro, na Ladeira do Sacopã, Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele fora morto com três tiros de revólver calibre 32. O corpo também apresentava 14 ferimentos provocados por coronhadas. No carro, além do cadáver, documentos da vítima, dois estojos de baton, um par de brincos, um caderninho de telefones e a foto de uma moça, cujo verso trazia uma dedicatória de amor endereçada ao bancário assassinado.
O médium mineiro Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, morto em 2002, foi responsável por cartas psicografadas que contribuíram para o veredicto de decisões penais. Os casos em que a Justiça aceitou como reforço de provas cartas supostamente enviadas por aqueles que já morreram até hoje geram polêmica. À época dos processos os casos tiveram repercussão nas principais publicação de todo o mundo. Para alguns especialistas, a inclusão de material religioso em processos judiciais nos remete a um período sombrio da história onde princípios teológicos interferiam diretamente no resultado de ações na Justiça. Entretanto, para os familiares dos mortos que psicografaram não há nenhuma dúvida de que as manifestações partiram de seus parentes.
Um dos mais famosos casos de loucura e de prisão perpétua na história do Judiciário brasileiro foi registrado no final da década de 20, no Rio de Janeiro. O personagem: Febrônio Índio do Brasil, autodenominado "O Filho da Luz", alcunha que tatuou no próprio corpo. Ele foi acusado de estrangular e assassinar em agosto de 1927 Alamiro José Ribeiro, de 20 anos, e, João Ferreira, de 10 anos, o "Jonjoca", que resistiram a suas investidas sexuais. Antes, ele já tinha abusado sexualmente de outros dez rapazes, nos quais, tatuou, com agulha, linha, tinta vermelha e graxa, as letras cabalísticas DCVXVI, significando: Deus, Caridade, Virtude, Santidade, Vida, Ímã da Vida.
25 de junho de 1962, 12h30. Meninos brincavam de futebol e homens jogavam baralho no pátio da Igreja Nossa Senhora do Carmo quando cinco tiros foram ouvidos. O som partia do interior da hospedagem mais tradicional de Ouro Preto, Minas Gerais, ponto de encontro de turistas de prestígio e intelectuais da época: o Pouso do Chico Rey. Duas senhoras da alta sociedade mineira são vistas deixando às pressas o hotel. Eram as irmãs Edina e Ethel Poni, de descendência italiana e figuras conhecidas nas colunas sociais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. A vítima, Maria de Lourdes Dias Calmon, 30 anos, era a nova companheira do ex-marido de Edina, o milionário Fernando Melo Viana Filho. Na frente de testemunhas, Edina disparou dois tiros na nuca de Lourdes, enquanto sua irmã Ethel segurava os braços da vítima. Um outro tiro atingiu ainda a perna da madrasta de seu ex-marido.
Porto de Santos, litoral de São Paulo, 1928. O navio de passageiros Massilia é carregado quando um incidente revela vestígio de sangue em uma mala. A polícia é chamada. Quando o baú é aberto, é encontrado o corpo mutilado de uma mulher. Em uma das investigações policiais mais sensacionais de todos os tempos, a vítima é identificada e o assassino preso em menos de 24 horas. O assassinato macabro vira manchetes dos jornais do Brasil e do mundo e fica conhecido como o Crime da Mala.
Médico nazista, acusado da morte de cerca de 400 mil judeus, Joseph Mengele viveu 19 anos escondido no Brasil. Sua morte em 1979 ainda é motivo de polêmica entre autoridades e sobreviventes do holocausto. Ele teria sido vítima de um ataque cardíaco enquanto se divertia na praia de Bertioga, em São Paulo. Entretanto, para algumas de suas vítimas, o homem sepultado no cemitério do Embu apresentava características físicas distintas do verdadeiro Josef Mengele. Conhecido como Anjo da Morte, o médico alemão conseguiu escapar do cerco aos nazistas feito pelos Países Aliados, depois da Segunda Guerra, e escondeu-se na América do Sul. Abrigou-se na Argentina, Paraguai e no Brasil onde viria a falecer.
Na noite de 30 de abril de 1981, durante um espetáculo musical comemorativo do Dia do Trabalho que reuniu 20 mil pessoas no Riocentro, centro de convenções na zona oeste do Rio de Janeiro, uma bomba explodiu no interior de um automóvel Puma, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado. Os dois eram integrantes do Doi-Codi e estavam no local, segundo as autoridades militares, numa operação de rotina. Outra bomba havia sido colocada na casa de força do prédio, mas não chegou a explodir.
Nascido em uma fazenda na periferia de Congonhas, José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, era o primogênito de uma família de dez irmãos. Desde pequeno viu-se assombrado por imagens macabras que o perseguiam por onde quer que fosse. Já na adolescência recebia a visita nada palpável de um homem que se dizia um médico alemão - Dr.Fritz - já falecido, que tinha a incumbência de praticar a cura de enfermos utilizando o corpo de Zé Arigó. Depois de muito resistir, Arigó acabou por se submeter aos apelos do tal espírito. Já adulto, foi preso por exercício ilegal da medicina. Mesmo na cadeia manteve a atividade: atendia internos, parentes e carcereiros. Filas quilométricas formavam-se para receber o atendimento oferecido pelo médium.
Em 18 de abril de 1864, a polícia de Porto Alegre deparou-se com uma cena de crime horripilante: no porão da casa de José Ramos e Catharina Palse, na Rua do Arvoredo, estavam enterrados os pedaços de um corpo humano, já em avançado estado de decomposição. O cadáver havia sido retalhado, com a cabeça e membros separados do tronco, e este, por sua vez, repartido em vários pedaços. A polícia encontrou, também, os corpos de mais dois homens e de um cão, rasgado da garganta ao ventre. Uma série de boatos deu conta de que o casal assassino fazia linguiça com a carne das vitimas e vendia o produto num movimentado açougue de Porto Alegre.
O crime foi planejado pelo representante do Atlético Mineiro na CBF, Sérgio Pereira Ayres, o Sérgio Peralta. Ele era assíduo freqüentador do prédio da entidade e sabia que a taça Jules Rimet original estava exposta numa vitrine, com vidro à prova de balas, mas amparado por uma moldura de madeira, pregada na parede. Enquanto isso, inexplicavelmente, uma réplica do troféu era mantida, em segurança, no cofre. Peralta arregimentou os comparsas no Bairro do Santo Cristo, zona portuária do Rio, onde morava. Na noite de 19 de dezembro de 1983, o ex-policial Francisco José Rocha Rivera, o Chico Barbudo, e o decorador José Luiz Vieira da Silva, o Luiz Bigode, dominaram com facilidade o único vigia do prédio, arrombaram a moldura, provavelmente com uma chave de fenda, e removeram o vidro inquebrável. Além da Jules Rimet, outras três taças foram levadas.
Na tarde de 17 de dezembro de 1961, um domingo de muito sol, Niterói – então capital do estado do Rio de Janeiro – se arrumou para ir ao circo. Era a primeira matinê da temporada do grandioso Gran Circus Norte Americano, que prometia ser de apenas 10 dias. Adilson Marcelino Alves, o “Dequinha”, convidou dois amigos para tocar fogo no circo. Ele aproximou-se da lona, riscou o fósforo e o jogou. A platéia presente era de cerca de três mil pessoas, 70 por cento de crianças. A multidão também percebe o perigo e tenta fugir desesperadamente. O derretimento da lona parafinada provocou pingos incandescentes, e gerou uma visão apocalíptica: na correria, muitos tropeçam e caem, obstruindo a passagem dos que vinham atrás, que acabam caindo por cima. Foram cerca de 500 mortos e outras centenas de feridos.
Noite de 23 de julho de 1993, cidade do Rio de Janeiro. Ocupantes de um Chevette e um táxi sem bigurilho estacionaram na Praça Pio X, na Candelária, e dispararam contra crianças de rua que dormiam embaixo da marquise. Oito menores morreram e um guardador de carros acabou sobrevivendo a quatro tiros, se tornando a mais famosa testemunha do país. O caso se tornou conhecido como Chacina da Candelária e teve repercussão internacional.
Uma história de glamour e sangue abalou a aristocracia paulistana na noite de 12 de maio de 1937. Três membros de uma das mais abastadas e tradicionais famílias, os Reis, foram encontrados mortos em circunstâncias misteriosas. O cenário do crime: o interior de um castelinho localizado na Rua Apa com a Avenida São João no centro de São Paulo. O imóvel é uma réplica de um castelo medieval, projetado e construído por arquitetos franceses no século passado. Eles foram encontrados mortos a tiros por uma empregada que morava numa casa anexa ao castelinho e foi atraída para o imóvel principal pelo barulho dos disparos.
A repressão vivida no Brasil no final da década de 60 e início da de 70 foi responsável pelo desaparecimento e morte de centenas de prisioneiros políticos. Amparados pela Lei de Segurança Nacional, autoridades civis e militares prenderam e torturaram jovens e militantes no período considerado pelos historiadores como o mais repressivo da história recente do país. Tito de Alencar, um frei dominicano, adepto do combate à repressão, foi preso e submetido às mais bárbaras sevícias destinadas aos que contrariavam o status-quo. Banido do país, encontrou a liberdade abraçando ao suicídio: foi a única maneira de livrar-se dos algozes que jamais deixaram de habitar seu universo interior.
São Paulo, década de 60. Vestido de terno, colete, chapéu de feltro, luvas de couro, lenço para cobrir o rosto, lanterna com luz vermelha e dois revólveres, um ladrão solitário aterrorizou as noites da capital paulistana. Só atacava mansões. Roubava e obrigava as vítimas a cozinharem de madrugada para ele. Estuprava e, às vezes, assassinava. Começou a ser chamado de "Bandido da Luz Vermelha", e agiu impunemente durante seis anos. A polícia de São Paulo só o identificou após recolher um fragmento de impressão digital no vidro da janela de uma mansão assaltada: era João Acácio Pereira da Costa, 25 anos. Fascinado pela cor vermelha, dizia que era "a cor do diabo".
Onze jovens foram sequestrados enquanto dormiam em um sítio no distrito de Suruí, Magé, estado do Rio de Janeiro. A maioria era de moradores da favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro. Cansados de sofrer extorsão de policiais militres, eles reuniram amigos para passar uma temporada no sítio. O crime ocorreu no dia 26 de julho de 1990 às onze horas da noite. Um grupo de mulheres, mães dos jovens seqüestrados, passou a fazer manifestações para cobrar das autoridades providências sobre o caso. A luta das “Mães de Acari”, como ficou conhecido o grupo de mulheres, mobilizou entidades de direitos humanos e virou um exemplo de esperança, cidadania e de coragem para o Brasil e para o resto do mundo.
Na tarde de 26 de dezembro de 1929, a jornalista e escritora Sylvia Serafim Thibau, 28 anos, casada e mãe de dois filhos pequenos, deu um tiro na barriga do jornalista e desenhista Roberto Rodrigues, 23 anos, na redação do jornal “Critica”, de propriedade da família Rodrigues. Naquele mesmo dia, a primeira página do jornal trazia uma reportagem difamatória sobre o desquite de Sylvia, cuja ilustração – assinada por Roberto – insinuava que ela traíra o marido. O desenhista não morreu imediatamente. Padeceria ainda por três dias. O atentado transformou-se em tragédia rodrigueana: três meses depois da morte de Roberto, o patriarca da família, Mário Rodrigues, que nunca se conformou com a perda do filho querido, morreu de trombose cerebral. Cinco meses após a morte de Mário, Sylvia, responsabilizada pelos Rodrigues pelas duas mortes, foi julgada e absolvida, apesar da família ter feito uma das maiores, mais duras e ofensivas campanhas contra uma pessoa na imprensa carioca.
José Anselmo dos Santos, o “Cabo Anselmo”, é um dos personagens mais controversos da história política do Brasil. Em 1963, Anselmo, um jovem de apenas 21 anos, era soldado da Marinha e foi eleito presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil. Em uma assembléia acontecida em março de 64, Anselmo insuflou os marujos a se unirem contra o comando da Marinha, reivindicando, entre outras coisas, o direito ao casamento e ao voto. Com o Golpe Militar de 1964, ocorrido dias depois, Anselmo teve seus direitos políticos cassados. No dia 30 de maio de 1971, Anselmo foi preso em São Paulo e levado para o Dops. Anselmo, que até então era um militante político de esquerda, trocou de lado e passou a delatar seus companheiros para a ditadura militar. Foram efetuadas centenas de prisões. Dezenas de jovens estudantes que combatiam a ditadura morreram em decorrência da delação do ex-marinheiro.
A cidade de Goiânia (GO) foi palco do maior acidente radioativo em área urbana do mundo, o qual deixou um rastro de medo, discriminação e miséria. No dia 13 de setembro de 1987, os catadores de papel Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves encontraram um aparelho usado para o tratamento de câncer abandonado nos escombros de uma clínica de radioterapia desativada. O que eles não sabiam é que dentro da peça havia uma cápsula de césio 137 com 100g de material altamente radioativo. Fragmentos do césio 137 passaram a circular entre os os moradores da cidade, que, hipnotizados pelo brilho azul da morte, não faziam idéia do perigo que o material representava. Quando o alarme de contaminação foi dado, já era tarde demais.
O ano é 1985. A ditadura militar acabava. O Rock in Rio, grandioso festival internacional de música – o primeiro no gênero no País – acabara de acontecer. Mas este período, de grandes transformações e conquistas, foi pano de fundo de uma tragédia que chocou a sociedade carioca: no dia 16 de junho, a estudante Mônica Granuzzo Lopes Pereira, 14 anos, despencou de um apartamento no sétimo andar de um edifício de classe média no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro, e morreu. As circunstâncias da morte de Mônica até hoje são obscuras. O que realmente aconteceu naquela noite? Mônica caiu ou foi jogada do apartamento enquanto fugia de uma tentativa de estupro?
Ana Lídia Braga, sete anos, foi deixada pelos pais no pátio do colégio Madre Carmem Salles, em Brasília, na tarde do dia 11 de setembro de 1973. O jardineiro do colégio viu quando ela e um rapaz loiro, alto, com um livro vermelho na mão, saíram pelo portão lateral. Ana Lídia desapareceu. Por volta de meio-dia de 12 de setembro de 1973, ela foi encontrada morta no terreno da universidade. Seu corpo estava nu. O rosto, enterrado na terra. As escoriações e manchas roxas indicavam que ela havia sido arrastada pelo cascalho. A perícia apontou a causa da morte como asfixia, provavelmente decorrente de sufocação, e constatou que o assassino mantivera relações sexuais com o cadáver da criança. Sem que os culpados fossem encontrados, o Caso Ana Lídia se tornou símbolo da impunidade em Brasília.