TREZES é um projeto inédito com a chancela RTP e Marginalfilmes, que reúne autores, contos e realizadores nacionais num formato diferenciador, o Telefilme. Todas as semanas teremos o olhar de um realizador sobre um conto da nossa literatura interpretado pelos melhores atores nacionais. Tudo isto para acompanhar, semanalmente, em horário nobre. Os Telefilmes são a nova aposta da RTP. Um passo importante e relevante no mercado audiovisual português que consolida o trabalho que a RTP tem vindo a desenvolver nas séries de ficção nacional e no cinema português.
1970. À aldeia de Fronteira chega um novo chefe de posto da Guarda Fiscal. Com convicções inabaláveis sobre a aplicação da Lei, rapidamente entra em confronto com a população, que sobrevive com a prática de contrabando. Mas um conflito passional coloca em causa todos os seus valores e a sua noção de dever, obrigando-o a tomar uma decisão inesperada e irreversível.
Jaime, um jovem introvertido, sofre com as humilhações que lhe infligem os seus colegas de colégio. O pai, diretor do colégio, distante e de poder absoluto, trata-o com indiferença. Com o apoio da mãe, Jaime encontra num quadro, de um rapaz com um tambor à frente das tropas em batalha, a inspiração e o exemplo de coragem que o irão transformar num herói improvável na luta contra a opressão.
Desde criança que Isabel se recorda do pedido recorrente de sua mãe: ser cremada. E agora que o dia chegou, com o seu marido Daniel ao lado, é a voz da mãe que ela ouve, o que a surpreende porque a mãe está ali, na urna, prestes a ser cremada, como sempre quis. E, desde então, não mais deixa de se fazer ouvir, acompanhada de uma carta deixada em testamento, com instruções precisas, que, por serem drásticas, poderão pôr fim ao casamento de Isabel.
Luís Carlos volta de uma viagem de seis semanas a Boston onde esteve a pesquisar para a sua tese de Mestrado sobre o Super-Homem, segundo ele o maior, se não mesmo único, herói de todos os tempos. Mas Luís Carlos é um solitário, convicto de que tem total controlo sobre o seu apetite por cocaína e, só quando muito bem se permite, heroína. Quando chega a Lisboa, apercebe-se que afinal o Super-Homem morreu, segundo as notícias. Para Luís Carlos isso pode significar o fim da sua pesquisa e da sua "promissora" carreira como professor universitário, onde poderia trabalhar ao seu ritmo e assegurar um ordenado confortável. O desespero instala-se na sua vida.
Já nada resta da antiga opulência de Afonso, Egas e Gualdim, três irmãos nobres cuja fortuna foi perdida poucos anos antes, graças aos fulgores veniais de Gualdim e ao vício do jogo de Egas. A viverem em Paço de Medranhos, propriedade apalaçada e de belo traço que mal deixa perceber hoje o luxo dos tempos idos, mal vão sobrevivendo. A jovem criada destes irmãos, de seu nome Rosa, está prestes a perder a paciência pela remuneração que há muito não lhe chega à mão; e decide segui-los quando se embrenham no bosque, acabando por observá-los quando tomam posse de um cofre com uma fortuna em dobrões de ouro. Mas esta fortuna irá trazer a desgraça à família.
Lurdes não tem vida para além do seu trabalho de repórter/realizadora de televisão; mas nem aí consegue realizar-se: os seus programas enfocam-se na fragilidade do ser humano perante os problemas sociais e as audiências não correspondem às necessidades de uma estação de televisão. Prestes a perder o seu programa, é encarregue de uma última reportagem, no interior do país. No local, desenrola-se um poderoso drama familiar, integralmente captado pela sua câmara, que acaba por resultar num programa de grande notoriedade e audiências invulgares, mas com uma abordagem contrária ao que sempre defendeu. Perante os factos e elevada à condição de grande esperança da Estação, Lurdes confronta-se com o que sempre almejou, sem o ter até então conseguido: o sucesso, por via do acaso e da prática, mesmo que involuntária, do que sempre condenou.
A Tia Miséria é isso mesmo, e o único gosto que tem na vida são as deliciosas peras da sua árvore, que a garotada apanha sem lhe deixar nenhuma. Tudo muda quando um dia conta o seu infortúnio a um mendigo a quem acolhe e oferece a sua última pera. Este promete-lhe que quem tentar roubar-lhe as peras ficará preso na pereira até que ela o liberte. Tia Miséria consegue assim assustar os garotos e resolver a situação. Quando é visitada pela Morte, para a levar, Tia Miséria pede-lhe um último desejo: que lhe apanhe uma das suas preciosas peras. A Morte acede e ? fica presa na pereira. Durante anos ninguém morre e à porta de Tia Miséria passam a bater os que perdem os seus negócios em virtude desse facto. Mas algo de marcante para o mundo acontece no momento em que Tia Miséria resolve soltar a Morte.
A Isabela não lhe interessa o que às outras raparigas da sua idade mais atrai, talvez porque a sua verdadeira mãe sempre foi a sua avó, e o pai... bom, o irmão não o consegue substituir. Ismael, apesar dos seus esforços para reforçar os parcos ganhos da avó nas limpezas e arrumações a dias, encontra dificuldades constantes para se afirmar num mundo que parece tratá-lo de forma cruel. Mas é ele o amigo e cúmplice nos mais difíceis momentos do crescimento da irmã. Isabela, alheada da dura realidade, vive, feliz, no seu mundo de verão, sol, praia e pausa dos estudos. Até ser confrontada com uma injustiça que se abate sobre o irmão, mais grave que as muitas que lhe têm batido à porta e que o arrasta, e a ela, para a dureza dos conflitos inultrapassáveis da vida.
Para celebrar a vitória sobre os castelhanos na batalha de Aljubarrota, o rei D. João I decide mandar construir um grande mosteiro. Na corte, defendem uns que deve ser um arquiteto estrangeiro, largamente experiente e mais preparado, a tomar o encargo de tão grande responsabilidade. Outros defendem que, precisamente pela enorme responsabilidade e simbolismo de tal monumento, deve ser um entre os muito sabedores e experimentados portugueses a fazê-lo. A ala estrangeirista será encabeçada pela rainha e a nacionalista pelo rei. Gera-se o desentendimento, mas a súbita cegueira de Mestre Afonso Domingues acaba por levar o rei a ceder e entregar a obra ao arquiteto estrangeiro, que acaba por a ver derrocar. Perante o desastre, D. João I chama o que sempre foi seu eleito, Mestre Afonso, que mesmo que cego dirige a construção da estrutura gótica de uma nova abóbada. E, se a abóbada não caiu, não cairá, até hoje.
1907. A Câmara do Porto acaba de ser ganha pelos republicanos, em plena monarquia, a três anos de distância da revolução. As ideias republicanas vão-se impondo e as instituições monárquicas começam a ser abaladas. Porém, a Sociedade Gastronómica de Lisboa resiste e aparentemente é um dos mais sólidos bastiões da monarquia. Mas ventos de mudança sopram dentro das paredes da tradicional e conservadora Sociedade. Um jovem membro, o Dr. Duarte Rodrigues, decide disputar a presidência, ocupada pelo misterioso Prositt, que fez fortuna nas Áfricas. Duarte, afirmando que não quer trair o ilustre presidente, mas como este se encontra algo desgastado e perdidamente deslumbrado com a liderança, consegue de forma ardilosa convencer os outros a convencê-lo a ele próprio, Duarte, a avançar, servindo-lhes para isso, num jantar de tomada de poder, um prato de inesperada excelência e muito original.
O Proprietário tem tudo o que o destino quis e que ele tem sabido expandir: terras férteis a perder de vista, imenso gado, vinhos de exceção e charutos maturados nas longas viagens dos barcos vindos diretamente do Caribe, mais precisamente de Cuba. De tudo isto ele desfruta no seu rico solar rural, preenchido pela mulher e dois filhos, de quem muito gosta, mas que por vezes lhe interrompem o desfrutar destes prazeres que lhe cabem por direito. Mas o desencanto da rotina passional remete-o sempre para as memórias efabuladas de um momento no passado em que, inesperadamente, descobriu numa meretriz a elevação surpreendente da paixão ao plano do afeto. Até que a meretriz lhe aparece na Herdade, intocada pelos quinze anos passados, mais pura que antes e, até aos seus olhos, rejuvenescida. Mas casada, com um homem perigoso.